sábado, 16 de junho de 2012

A greve dos docentes das Universidades Federais

Estou de volta, após um longo tempo.
Não há como ficar quieto diante de tanta injustiça. O desrespeito aos profissionais da Educação sempre foi uma constante nesse país. Porém, ultimamente assume parâmetros jamais vistos. Os professores são vistos como uma subclasse desnecessária para a evolução do país, embora todos os profissionais sejam formados pelos docentes. Afinal, nada substitui a experiência dos professores ao transmitir as informações e conceitos aos seus estudantes.
Além do ensino, os docentes das Universidades Federais atuam com a Pesquisa, a qual promove o desenvolvimento tecnológico e científico do País. Na maioria dos casos, a pesquisa é realizada em condições precárias e sem o menor incentivo do governo ou agências de fomento. As pesquisas são realizadas à custa de muita vontade e idealismo dos professores e técnicos. Para o governo, isso basta. Porém, tais atividades, além de estarem diretamente ligadas ao desenvolvimento do país, ainda promovem a capacitação dos futuros profissionais.
São inúmeras as Universidades nas quais os docentes não possuem sequer uma sala para exercer suas funções e receber seus estudantes e quando a possui, são de péssimas instalações e sem a menor condição de trabalho. Os prédios possuem sanitários em péssimas condições e alguns não possuem planos de fuga, caso ocorra algum desabamento ou incêndio.
São várias salas de aula com quadros-negros rachados que exigem malabarismos para representações de figuras. As que possuem data-show, não possuem notebooks, impossibilitando a utilização da tecnologia, a menos que o professor utilize seus próprios recursos.
Essa é a realidade de várias instituições de ensino no país cujos governantes afirmam que não há problemas econômicos.
Acrescente-se a essas condições o menosprezo aos salários dos docentes. Farei uma ligeira e superficial comparação com os colegas do MCT. Porém, não tenho o intuito de desrespeitá-los. Muito pelo contrário, acho justas todas as suas reivindicações. Os colegas do MCT trabalham em um regime de 40 horas e seus salários são superiores aos dos docentes das Universidades Federais, que trabalham em um regime de 40 horas com DE (dedicação exclusiva). Os docentes das Universidades Federais possuem obrigações com o ensino, pesquisa, extensão e administração, além da proibição de exercer outras atividades remuneradas ou não, por força da Lei (o que é justo, para o desenvolvimento da Educação no país).
Portanto, o que vemos é o total desrespeito aos profissionais que formam os profissionais. Se na campanha eleitoral a presidenta Dilma afirmou que trataria com respeito os profissionais da Educação e trabalharia para um salário digno aos professores, esperamos o mínimo do governo.
E esperamos o mínimo de respeito dos profissionais da imprensa, que afirmam mentiras a respeito do movimento grevista e tratam os professores como vagabundos que não querem trabalhar. Quem vive a realidade nas Academias tem total conhecimento do trabalho exercido pelos professores. Infelizmente, os que não possuem a vivência acadêmica são enganados por vários profissionais da imprensa, os quais trazem informações incorretas e inverdades.
A classe de professores universitários aguarda desde 2010 uma proposta de carreira, de salário e de infra-estrutura. Porém, em inúmeras ocasiões o governo cancelou reuniões e alegou que estava trabalhando nas propostas, sem apresentar uma única sequer. O prazo para o orçamento de 2013 está se esgotando e o governo não cumpriu sua promessa de finalizar os acordos. A grave é péssima, tanto para professores, quanto para estudantes e para a sociedade. Durante a greve, os professores dão continuidade em seus projetos, continuam atendendo a sociedade e executam atividades administrativas. Ao final da greve, os professores repõem integralmente as aulas e não provocam qualquer prejuízo aos estudantes e à sociedade, a menos do fato de utilizar os meses de julho e de janeiro para atividades de ensino, o que já é corriqueiro para os estudantes que atuam em projetos de pesquisa e de extensão.
Os que vêm os professores como vagabundos e que acham justos os salários dos professores, ou o fazem por má fé ou por falta de conhecimento.
Portanto, fica o apelo: antes de criticar, conheça a realidade. Não acredite em tudo o que dizem na TV ou nos jornais. Busque as informações corretas nos locais corretos.
É isso.

domingo, 28 de agosto de 2011

Somos soldados

Havia um tempo em que homens e mulheres, jovens e idosos (os pensadores), de todas as cores, raças e credos, saíram para uma batalha, para a qual tinham uma chance mínima de vencer. Eram uma batalha pelo seu país. Mas, foram, bravos e fortes. Alguns até diziam que cantavam, tal qual I-Juca Pirama, já prevendo a morte certa. Mas, foram, "caminhando e cantando", com a certeza de que "quem sabe, faz a hora, não espera acontecer". E foram ...

Foram, desarmados, para uma batalha cujo objetivo era resgatar os perdidos que, cegos, já não distinguiam os inimigos. Vários dos perdidos já haviam entregue, aos inimigos, seus sonhos, seus desejos, sua luta. Esses, já não sabiam se queriam ou não ser resgatados. Estavam entregues. Como entregues estavam vários dos que foram à luta, pois cansados, feridos, humilhados, já não queriam a batalha. E, estavam mais cegos do que os demais.

Os inimigos eram fortes, organizados, cruéis. Não temiam quem quer que fosse e dominavam os incautos. Dominavam os letrados, os pensadores, os criadores. Não proibiam, mas não queriam mais os letrados e os criadores. E, não queriam mais nada que fosse gerado pelos letrados e pelos criadores. Mas, não proibiam. Sua tática era cruel, pois acabavam com os pensadores, um a um, desorganizando-os, cegando-os. E, com medo, os pensadores se entregavam, cegos, um após outro.

E todos os que antes confiavam nos pensadores, deixaram de o fazer. Pra quê, se não poderiam mais criar? Pra quê, se é mais fácil comprar de quem faz?

E o pobre país ficou mais pobre ainda, sem criar, sem gerar. Seu povo era escravo dos inimigos. Escravos mentais, pois não tinham consciência de que foram escravizados. Cegos. E os inimigos ficavam cada vez mais ricos. Os inimigos dominavam. Os inimigos diziam que só eles poderiam ensinar seus escravos a pensar, a ler e a criar. E todos foram enganados, pois cada vez menos o povo sabia; a cada ano, o povo menos sabia. Já não sabia ler. E não sabia criar. Mas, acreditavam que o inimigo era bom; que o inimigo a tudo proveria. E trabalhavam pelo inimigo, sem saber que seus filhos se tornariam mais escravizados. E que seus netos se tornariam dementes, lendo o que não saberiam ler, escrevendo o que não saberiam escrever, contando o que não saberiam contar.

Seria um regime orwelliano (tal qual 1984, de George Orwell), no qual todos viveriam em uma sociedade como a de Teteriev (Pequenos Burgueses, de Máximo Górki) e com medo, como Josef K (O Processo, de Franz Kafka).

Porém, diziam: "somos soldados, pedindo esmola, e a gente não queria lutar" (Soldados, Legião Urbana).

E, os pensadores retornaram, exaustos, após anos de batalha desumana. E foram recebidos, em sua própria terra, como desqualificados, humilhados. Ao retornar a sua terra, perceberam que os inimigos a haviam dominado. E seu povo já não entendia o que lia e tampouco compreendia o que escrevia. Estavam cegos.

De soldados, preparados, valentes, que enfrentaram o inimigo, passaram a ser vistos como inválidos. E seus aprendizes já não os queriam. E seus aprendizes estavam cegos, sem conseguir perceber que seu futuro seria nebuloso. E, eles também seriam desqualificados, humilhados, inválidos.

Porém, "a pena é mais poderosa do que a espada" (Voltaire). E os pensadores descansariam dos anos de batalha para retornar pela pena.


sábado, 21 de maio de 2011

Uma dúvida que não quer calar

O governo federal incentiva a criação de novas vagas nas Instituições Públicas de Ensino Superior. Então, porque incentiva e mantém o FIES e o PROUNI como forma de acesso ao Ensino Superior com tanta vaga ociosa nas Universidades e Institutos Federais?

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Mais uma da nossa imprensa.

É incrível como a imprensa ainda consegue nos surpreender.

No site UOL li a reportagem intitulada "Pesquisa sobre população com diploma universitário deixa o Brasil em último lugar entre os emergentes", publicada no dia 21/04/2011, sob responsabilidade de Amanda Cieglinski (http://educacao.uol.com.br/ultnot/2011/04/21/pesquisa-sobre-populacao-com-diploma-universitario-deixa-o-brasil-em-ultimo-lugar-entre-os-emergentes.jhtm).

Pelo título, imaginei que seria uma reportagem sobre a qualidade do ensino. Então, a minha surpresa veio logo no primeiro parágrafo da reportagem: "Para concorrer em pé de igualdade com as potências mundiais, o Brasil terá que fazer um grande esforço para aumentar o percentual da população com formação acadêmica superior". 

Repare em "aumentar o percentual"! Ora, quer dizer que para "concorrer em pé de igualdade com as potências mundiais", necessitamos simplesmente "aumentar o percentual da população com formação acadêmica superior"?

E a qualidade do ensino? Como poderemos concorrer com potências mundiais se tivermos um ensino superior medíocre e um sistema altamente paternalista que visa premiar a todos com diploma, mesmo os que não têm mérito para tal?

O texto da jornalista cita apenas números. Lamentável. Ela tem a oportunidade de publicar em um dos maiores meios de comunicação do país e não se preocupa com a qualidade do ensino superior. Seu texto é claramente tendencioso, fato que pode ser facilmente verificado por conter apenas uma autoridade no assunto e, ainda assim, uma pequena parte do trabalho de pesquisa da professora. Mais uma vez: lamentável.

A jornalista ainda busca dar legitimidade para seu texto ao utilizar as palavras de uma professora da USP: "Na China, as vagas do ensino superior são todas particulares. Na Rússia, uma parte importante das matrículas é paga, mas esses países desenvolveram um esquema sofisticado de financiamento e apoio ao estudante. O modelo de ensino superior público e gratuito para todos, independentemente das condições da família, é um modelo que tem se mostrado inviável em muitos países".

Ao publicar apenas esse trecho, a jornalista cria no leitor a idéia que a professora é à favor do ensino superior particular. Porém, não há essa afirmação em momento nenhum da fala da professora. Por exemplo, ela poderia estar justificando os motivos pelo qual o ensino superior gratuito no Brasil é de fundamental importância. A jornalista aplica, portanto, uma forma de indução da conclusão por parte do leitor.

Se o Brasil não adotar um planejamento para melhoria da qualidade do ensino, quando o Brasil atingir 40% de matrículas no Ensino Superior, as Instituições particulares irão comemorar o lucro, o governo irá comemorar os números e a sociedade irá lamentar a quantidade de profissionais mal qualificados lançados ao mercado.

Sem uma meta de qualidade, podemos atingir 100% de matrículas no ensino superior que, ainda assim, não seremos competitivos com as potências mundiais. A publicação dessa reportagem no UOL mostra justamente o contrário: a nossa própria imprensa menospreza a nossa capacidade de leitura crítica. Terá razão?

terça-feira, 19 de abril de 2011

Ser educador

Ser educador não é ensinar, mas fornecer condições favoráveis para que o aprendiz possa buscar o conhecimento.

Ser educador não é uma questão de diploma, mas de conquista. O diploma permite que o sujeito que o detém seja reconhecido como profissional da Educação, mas não como professor. Ser professor está acima de qualquer convenção social, acima de qualquer colação de grau. Ser professor não é ser admitido em uma escola e entrar em uma sala de aula, mas encarar cada estudante como potencial futuro profissional qualificado para bem desempenhar suas funções perante a sociedade.

É professor aquele que não se preocupa senão com o seu salário no final do mês?
É professor aquele que "engana" o sistema, fingindo ensinar e "matando o tempo" na sala de aula (ou, pior, fora dela)?
É professor aquele que afirma detestar leitura?
É professor aquele que despreza os sonhos de seus estudantes?
É professor aquele que crê estar acima dos seus estudantes?
É professor aquele que afirma estar fazendo um "bico" na escola (muitas vezes, um "bico" esterno)?
É professor aquele que sabe qual é o seu salário desde o dia em que assinou o contrato e, depois, usa o baixo salário como argumento para o seu menosprezo pela profissão?

Não sou contra a luta pelas melhores condições de vida, pela valorização do profissional da Educação. Muito pelo contrário, sou favorável às lutas pela valorização de qualquer categoria. Mas, daí a não cumprir meu papel junto à sociedade há uma distância muito grande.

"Educadores do Brasil, uni-vos".

Queremos uma sociedade mais justa, mais cidadã, mais qualificada, mas, ao mesmo tempo, desprezamos nosso próprio trabalho.

Como disse Huberto Rohden: "A maior caridade é plantar e não colher para que os outros possam colher o que não plantaram". Para aquele que só vê o negativo nas mensagens, pode pensar que estou dizendo para trabalharmos pelos preguiçosos. NÃO! A mensagem é para trabalharmos por aqueles que não tiveram oportunidade de trabalhar.

O Educador não precisa amar o que faz, mas deve fazê-lo com profissionalismo.

Essa é a mensagem: "tudo vale à pena quando a alma não é pequena" (Fernando Pessoa).

terça-feira, 8 de março de 2011

Processo democrático de Educação???

Seria nosso sistema educacional democrático?

Segundo Sócrates, para que haja democracia, deve haver um povo esclarecido. Vamos aos fatos?

Estamos constantemente indignados com o sistema de Saúde no Brasil. As notícias que chegam até nós mostram hospitais e postos de saúde sem a menor condição de funcionamento. Porém, hospitais como o Hospital Albert Einstein e o Hospital São Luiz, ambos em São Paulo, não vivem essa situação. Seria simplesmente porque eles não são públicos? Ou é porque grande parte dos seus pacientes não necessitam pagar planos de saúde ou depender do SUS? Então, podemos concluir que o sistema de Saúde no Brasil FUNCIONA, sim. Mas, tal sistema não foi feito para nós. Esse sistema foi criado por e para as classes sociais mais abastadas que não necessitam pagar planos de saúde ou depender do SUS. Portanto, que motivo essas classes teriam para viabilizar o SUS e a fiscalização dos planos de saúde se eles não necessitam? Esse é um fato.

A sociedade brasileira está constantemente indignada com o sistema Educacional brasileiro. Vivemos reclamando que o governo não faz absolutamente nada para melhorar; que o governo despreza os pedidos de melhorias e que não fornece os recursos necessários para as escolas melhorarem. As classes abastadas matriculam seus filhos em escolas cujas mensalidades são maiores do que possamos imaginar. Há escolas em São Paulo, cujas mensalidades são em torno de R$ 5.000,00. Veja que esse valor é da MENSALIDADE. Os professores dessas escolas são altamente capacitados e recebem incentivos para a continuação de suas qualificações. Nessas escolas, os pais não estão preocupados se os filhos serão bem educados, mas se estarão bem capacitados para gerenciar suas empresas. Isso quando os filhos não estudam em escolas do exterior. Nessas escolas, não há a preocupação com carteiras quebradas ou com quadro-negros rachados. Portanto, o sistema educacional no Brasil FUNCIONA, sim. Mas, não é para nós. Pois bem, esse é mais um fato.

Podemos, então, dizer que estamos largados? Podemos dizer que o governo alimenta os hospitais, os postos de saúde e as escolas com o mínimo para não dizer que a Educação faliu? Mas, que sua principal meta é manter o Sistema de Saúde e o Sistema Educacional funcionando para as classes mais abastadas?

É certo que não podemos mudar o Sistema de Saúde da noite para o dia. Porém, podemos e temos a obrigação de mudar o Sistema de Educação. Como disse Voltaire: "a pena é mais poderosa do que a espada". Hoje, podemos dizer que "a caneta é mais poderosa do que as armas".

O que é necessário para fazer uma BOA Educação? Precisamos de uma escola com carteiras, mesas, quadros-negros, paredes, tetos, ares-condicionados, laboratórios, etc? Essas coisas ajudam. Mas, uma escola precisa ter professores e estudantes.

Como professores, podemos estar insatisfeitos com nossos salários. Mas, nós aceitamos essa condição quando assinamos o contrato com o Governo. Então, resta a nós a perpetuação dessa situação??? NÃO!!!! Podemos manter a luta por melhores condições de salário e de trabalho sem que menosprezemos a nossa profissão. Entrar em uma sala de aula, seja como professor, seja como aluno, é a condição mínima para iniciar a mudança para melhor. Ao entrar desanimado em uma sala de aula, eu estou concordando com a minha situação. Porém, ao entrar animado, disposto a provocar mudanças em mim mesmo, eu estarei predisposto a provocar mudanças nos outros. Paralelamente, a luta por melhores condições de salário e de trabalho continua, mas fora da sala de aula.

Melhores estudantes hoje são cidadãos mais conscientes amanhã. Um povo mais consciente é um povo que busca mais formas de conhecimento, seja através de livros, seja através de discussões. Ao buscar mais formas de conhecimento, o povo se torna mais esclarecido. E um povo mais esclarecido irá exigir um sistema mais democrático, mais humano, onde todos tenham iguais condições de trabalho e de vida. Um sistema no qual o Sistema de Saúde e o Sistema de Educação funcionam para todos e não somente para os que podem pagar os hospitais Albert Einstein e São Luiz, além das escolas mais caras de São Paulo. E, um Sistema VERDADEIRAMENTE democrático levará a melhores sistemas de Saúde.

Como vemos, melhor Educação traz como consequência melhores condições de vida. E, depende de quem? Depende do governo? Não! Depende de nós, cidadãos, estudantes e profissionais da Educação.

Como eu ouvi outro dia: "antes de começar a mudar o mundo, comece a arrumar seu quarto". E: "queremos dar um mundo melhor para os nossos filhos, mas não pensamos em dar filhos melhores para o mundo".

Reflitamos para agir com mais consciência. O futuro agradece.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

E la nave vá

Não farei um comentário sobre o filme de Fellini. Certamente, seria mais prazeroso. Porém, assuntos mais sérios devem vir à tona.

Voltaire disse uma vez: "a pena é mais forte que a espada".

O único efeito que essa frase provoca, no Brasil, é de desprezo. Isso se não virar motivo de piada.

Já as frases populares "Deus é brasileiro" e "O Brasil é o país do futuro" provocam um efeito muito maior.

Há uma clara contradição. Enquanto Voltaire anuncia o poder da cultura e do conhecimento, as frases populares citadas produzem o comodismo. Ora, se Deus é brasileiro, eu não preciso me preocupar com nada. Se o futuro do Brasil já está garantido, então eu posso ficar tranquilo.

Nos anos de 1960, tínhamos orgulho da Educação pública. Estudar em uma escola pública era motivo de honra. Porém, poucos "escolhidos" tinham acesso à Educação.

Nos anos de 1970 e 1980, estudantes que não levavam à sério as oportunidades proporcionadas pela escola pública eram encaminhados para a escola particular, a qual era indigna dos melhores alunos.

Hoje, os pais não medem esforços para pagar as escolas particulares para os seus filhos. Isso se deve ao descaso com o Ensino Público.

O que ocorreu? O Ensino melhorou na Escola Particular, piorou na Escola Pública, ou ambos?

Mas, vamos aos fatos. Todos dizemos que o governo é o verdadeiro culpado pelo estado atual da Educação no Brasil. O governo tem responsabilidade, sim. Porém, a população também tem a sua responsabilidade. Vejamos:


  • Ao deixar os filhos na escola, muitos pais param o carro em fila dupla. Depois, cobram atitude do governo quanto ao trânsito. Que tipo de educação está transmitindo aos seus filhos?
  • No supermercado, é muito comum uma pessoa ficar na fila do caixa enquanto outra faz as compras. Naturalmente, o que fez as compras chega com o carrinho e se acha no direito de assumir a posição da que guardou lugar, como se o lugar fosse cativo. O que esses pessoas ensinam aos seus filhos?
  • No trânsito, simplesmente há o desprezo dos semáforos e das placas, sem dizer que poucos utilizam as setas e os motoqueiros fazem manobras dignas de Xtreme Games. O que as crianças aprendem?
Isso só para citar poucos fatos.

A mudança na Educação não está somente relacionada ao governo, mas às nossas pequenas atitudes no dia-a-dia.

Como ouvi outro dia: "Queremos deixar um mundo melhor para as nossas crianças, mas não pensamos em deixar crianças melhores para o mundo".

"A pena é mais poderosa do que a espada", mas não basta saber como funciona a pena. É necessário saber o que fazer com a pena.

Enquanto estivermos preocupados com o governo e nos esquecermos de mudar nossas atitudes, o Brasil continuará o mesmo. Ou seja, "e la nave vá".