Havia um tempo em que homens e mulheres, jovens e idosos (os pensadores), de todas as cores, raças e credos, saíram para uma batalha, para a qual tinham uma chance mínima de vencer. Eram uma batalha pelo seu país. Mas, foram, bravos e fortes. Alguns até diziam que cantavam, tal qual I-Juca Pirama, já prevendo a morte certa. Mas, foram, "caminhando e cantando", com a certeza de que "quem sabe, faz a hora, não espera acontecer". E foram ...
Foram, desarmados, para uma batalha cujo objetivo era resgatar os perdidos que, cegos, já não distinguiam os inimigos. Vários dos perdidos já haviam entregue, aos inimigos, seus sonhos, seus desejos, sua luta. Esses, já não sabiam se queriam ou não ser resgatados. Estavam entregues. Como entregues estavam vários dos que foram à luta, pois cansados, feridos, humilhados, já não queriam a batalha. E, estavam mais cegos do que os demais.
Os inimigos eram fortes, organizados, cruéis. Não temiam quem quer que fosse e dominavam os incautos. Dominavam os letrados, os pensadores, os criadores. Não proibiam, mas não queriam mais os letrados e os criadores. E, não queriam mais nada que fosse gerado pelos letrados e pelos criadores. Mas, não proibiam. Sua tática era cruel, pois acabavam com os pensadores, um a um, desorganizando-os, cegando-os. E, com medo, os pensadores se entregavam, cegos, um após outro.
E todos os que antes confiavam nos pensadores, deixaram de o fazer. Pra quê, se não poderiam mais criar? Pra quê, se é mais fácil comprar de quem faz?
E o pobre país ficou mais pobre ainda, sem criar, sem gerar. Seu povo era escravo dos inimigos. Escravos mentais, pois não tinham consciência de que foram escravizados. Cegos. E os inimigos ficavam cada vez mais ricos. Os inimigos dominavam. Os inimigos diziam que só eles poderiam ensinar seus escravos a pensar, a ler e a criar. E todos foram enganados, pois cada vez menos o povo sabia; a cada ano, o povo menos sabia. Já não sabia ler. E não sabia criar. Mas, acreditavam que o inimigo era bom; que o inimigo a tudo proveria. E trabalhavam pelo inimigo, sem saber que seus filhos se tornariam mais escravizados. E que seus netos se tornariam dementes, lendo o que não saberiam ler, escrevendo o que não saberiam escrever, contando o que não saberiam contar.
Seria um regime orwelliano (tal qual 1984, de George Orwell), no qual todos viveriam em uma sociedade como a de Teteriev (Pequenos Burgueses, de Máximo Górki) e com medo, como Josef K (O Processo, de Franz Kafka).
Porém, diziam: "somos soldados, pedindo esmola, e a gente não queria lutar" (Soldados, Legião Urbana).
E, os pensadores retornaram, exaustos, após anos de batalha desumana. E foram recebidos, em sua própria terra, como desqualificados, humilhados. Ao retornar a sua terra, perceberam que os inimigos a haviam dominado. E seu povo já não entendia o que lia e tampouco compreendia o que escrevia. Estavam cegos.
De soldados, preparados, valentes, que enfrentaram o inimigo, passaram a ser vistos como inválidos. E seus aprendizes já não os queriam. E seus aprendizes estavam cegos, sem conseguir perceber que seu futuro seria nebuloso. E, eles também seriam desqualificados, humilhados, inválidos.
Porém, "a pena é mais poderosa do que a espada" (Voltaire). E os pensadores descansariam dos anos de batalha para retornar pela pena.
domingo, 28 de agosto de 2011
sábado, 21 de maio de 2011
Uma dúvida que não quer calar
O governo federal incentiva a criação de novas vagas nas Instituições Públicas de Ensino Superior. Então, porque incentiva e mantém o FIES e o PROUNI como forma de acesso ao Ensino Superior com tanta vaga ociosa nas Universidades e Institutos Federais?
sexta-feira, 22 de abril de 2011
Mais uma da nossa imprensa.
É incrível como a imprensa ainda consegue nos surpreender.
No site UOL li a reportagem intitulada "Pesquisa sobre população com diploma universitário deixa o Brasil em último lugar entre os emergentes", publicada no dia 21/04/2011, sob responsabilidade de Amanda Cieglinski (http://educacao.uol.com.br/ultnot/2011/04/21/pesquisa-sobre-populacao-com-diploma-universitario-deixa-o-brasil-em-ultimo-lugar-entre-os-emergentes.jhtm).
Pelo título, imaginei que seria uma reportagem sobre a qualidade do ensino. Então, a minha surpresa veio logo no primeiro parágrafo da reportagem: "Para concorrer em pé de igualdade com as potências mundiais, o Brasil terá que fazer um grande esforço para aumentar o percentual da população com formação acadêmica superior".
Repare em "aumentar o percentual"! Ora, quer dizer que para "concorrer em pé de igualdade com as potências mundiais", necessitamos simplesmente "aumentar o percentual da população com formação acadêmica superior"?
E a qualidade do ensino? Como poderemos concorrer com potências mundiais se tivermos um ensino superior medíocre e um sistema altamente paternalista que visa premiar a todos com diploma, mesmo os que não têm mérito para tal?
O texto da jornalista cita apenas números. Lamentável. Ela tem a oportunidade de publicar em um dos maiores meios de comunicação do país e não se preocupa com a qualidade do ensino superior. Seu texto é claramente tendencioso, fato que pode ser facilmente verificado por conter apenas uma autoridade no assunto e, ainda assim, uma pequena parte do trabalho de pesquisa da professora. Mais uma vez: lamentável.
A jornalista ainda busca dar legitimidade para seu texto ao utilizar as palavras de uma professora da USP: "Na China, as vagas do ensino superior são todas particulares. Na Rússia, uma parte importante das matrículas é paga, mas esses países desenvolveram um esquema sofisticado de financiamento e apoio ao estudante. O modelo de ensino superior público e gratuito para todos, independentemente das condições da família, é um modelo que tem se mostrado inviável em muitos países".
Ao publicar apenas esse trecho, a jornalista cria no leitor a idéia que a professora é à favor do ensino superior particular. Porém, não há essa afirmação em momento nenhum da fala da professora. Por exemplo, ela poderia estar justificando os motivos pelo qual o ensino superior gratuito no Brasil é de fundamental importância. A jornalista aplica, portanto, uma forma de indução da conclusão por parte do leitor.
Se o Brasil não adotar um planejamento para melhoria da qualidade do ensino, quando o Brasil atingir 40% de matrículas no Ensino Superior, as Instituições particulares irão comemorar o lucro, o governo irá comemorar os números e a sociedade irá lamentar a quantidade de profissionais mal qualificados lançados ao mercado.
Sem uma meta de qualidade, podemos atingir 100% de matrículas no ensino superior que, ainda assim, não seremos competitivos com as potências mundiais. A publicação dessa reportagem no UOL mostra justamente o contrário: a nossa própria imprensa menospreza a nossa capacidade de leitura crítica. Terá razão?
terça-feira, 19 de abril de 2011
Ser educador
Ser educador não é ensinar, mas fornecer condições favoráveis para que o aprendiz possa buscar o conhecimento.
Ser educador não é uma questão de diploma, mas de conquista. O diploma permite que o sujeito que o detém seja reconhecido como profissional da Educação, mas não como professor. Ser professor está acima de qualquer convenção social, acima de qualquer colação de grau. Ser professor não é ser admitido em uma escola e entrar em uma sala de aula, mas encarar cada estudante como potencial futuro profissional qualificado para bem desempenhar suas funções perante a sociedade.
É professor aquele que não se preocupa senão com o seu salário no final do mês?
É professor aquele que "engana" o sistema, fingindo ensinar e "matando o tempo" na sala de aula (ou, pior, fora dela)?
É professor aquele que afirma detestar leitura?
É professor aquele que despreza os sonhos de seus estudantes?
É professor aquele que crê estar acima dos seus estudantes?
É professor aquele que afirma estar fazendo um "bico" na escola (muitas vezes, um "bico" esterno)?
É professor aquele que sabe qual é o seu salário desde o dia em que assinou o contrato e, depois, usa o baixo salário como argumento para o seu menosprezo pela profissão?
Não sou contra a luta pelas melhores condições de vida, pela valorização do profissional da Educação. Muito pelo contrário, sou favorável às lutas pela valorização de qualquer categoria. Mas, daí a não cumprir meu papel junto à sociedade há uma distância muito grande.
"Educadores do Brasil, uni-vos".
Queremos uma sociedade mais justa, mais cidadã, mais qualificada, mas, ao mesmo tempo, desprezamos nosso próprio trabalho.
Como disse Huberto Rohden: "A maior caridade é plantar e não colher para que os outros possam colher o que não plantaram". Para aquele que só vê o negativo nas mensagens, pode pensar que estou dizendo para trabalharmos pelos preguiçosos. NÃO! A mensagem é para trabalharmos por aqueles que não tiveram oportunidade de trabalhar.
O Educador não precisa amar o que faz, mas deve fazê-lo com profissionalismo.
Essa é a mensagem: "tudo vale à pena quando a alma não é pequena" (Fernando Pessoa).
Ser educador não é uma questão de diploma, mas de conquista. O diploma permite que o sujeito que o detém seja reconhecido como profissional da Educação, mas não como professor. Ser professor está acima de qualquer convenção social, acima de qualquer colação de grau. Ser professor não é ser admitido em uma escola e entrar em uma sala de aula, mas encarar cada estudante como potencial futuro profissional qualificado para bem desempenhar suas funções perante a sociedade.
É professor aquele que não se preocupa senão com o seu salário no final do mês?
É professor aquele que "engana" o sistema, fingindo ensinar e "matando o tempo" na sala de aula (ou, pior, fora dela)?
É professor aquele que afirma detestar leitura?
É professor aquele que despreza os sonhos de seus estudantes?
É professor aquele que crê estar acima dos seus estudantes?
É professor aquele que afirma estar fazendo um "bico" na escola (muitas vezes, um "bico" esterno)?
É professor aquele que sabe qual é o seu salário desde o dia em que assinou o contrato e, depois, usa o baixo salário como argumento para o seu menosprezo pela profissão?
Não sou contra a luta pelas melhores condições de vida, pela valorização do profissional da Educação. Muito pelo contrário, sou favorável às lutas pela valorização de qualquer categoria. Mas, daí a não cumprir meu papel junto à sociedade há uma distância muito grande.
"Educadores do Brasil, uni-vos".
Queremos uma sociedade mais justa, mais cidadã, mais qualificada, mas, ao mesmo tempo, desprezamos nosso próprio trabalho.
Como disse Huberto Rohden: "A maior caridade é plantar e não colher para que os outros possam colher o que não plantaram". Para aquele que só vê o negativo nas mensagens, pode pensar que estou dizendo para trabalharmos pelos preguiçosos. NÃO! A mensagem é para trabalharmos por aqueles que não tiveram oportunidade de trabalhar.
O Educador não precisa amar o que faz, mas deve fazê-lo com profissionalismo.
Essa é a mensagem: "tudo vale à pena quando a alma não é pequena" (Fernando Pessoa).
terça-feira, 8 de março de 2011
Processo democrático de Educação???
Seria nosso sistema educacional democrático?
Segundo Sócrates, para que haja democracia, deve haver um povo esclarecido. Vamos aos fatos?
Estamos constantemente indignados com o sistema de Saúde no Brasil. As notícias que chegam até nós mostram hospitais e postos de saúde sem a menor condição de funcionamento. Porém, hospitais como o Hospital Albert Einstein e o Hospital São Luiz, ambos em São Paulo, não vivem essa situação. Seria simplesmente porque eles não são públicos? Ou é porque grande parte dos seus pacientes não necessitam pagar planos de saúde ou depender do SUS? Então, podemos concluir que o sistema de Saúde no Brasil FUNCIONA, sim. Mas, tal sistema não foi feito para nós. Esse sistema foi criado por e para as classes sociais mais abastadas que não necessitam pagar planos de saúde ou depender do SUS. Portanto, que motivo essas classes teriam para viabilizar o SUS e a fiscalização dos planos de saúde se eles não necessitam? Esse é um fato.
A sociedade brasileira está constantemente indignada com o sistema Educacional brasileiro. Vivemos reclamando que o governo não faz absolutamente nada para melhorar; que o governo despreza os pedidos de melhorias e que não fornece os recursos necessários para as escolas melhorarem. As classes abastadas matriculam seus filhos em escolas cujas mensalidades são maiores do que possamos imaginar. Há escolas em São Paulo, cujas mensalidades são em torno de R$ 5.000,00. Veja que esse valor é da MENSALIDADE. Os professores dessas escolas são altamente capacitados e recebem incentivos para a continuação de suas qualificações. Nessas escolas, os pais não estão preocupados se os filhos serão bem educados, mas se estarão bem capacitados para gerenciar suas empresas. Isso quando os filhos não estudam em escolas do exterior. Nessas escolas, não há a preocupação com carteiras quebradas ou com quadro-negros rachados. Portanto, o sistema educacional no Brasil FUNCIONA, sim. Mas, não é para nós. Pois bem, esse é mais um fato.
Podemos, então, dizer que estamos largados? Podemos dizer que o governo alimenta os hospitais, os postos de saúde e as escolas com o mínimo para não dizer que a Educação faliu? Mas, que sua principal meta é manter o Sistema de Saúde e o Sistema Educacional funcionando para as classes mais abastadas?
É certo que não podemos mudar o Sistema de Saúde da noite para o dia. Porém, podemos e temos a obrigação de mudar o Sistema de Educação. Como disse Voltaire: "a pena é mais poderosa do que a espada". Hoje, podemos dizer que "a caneta é mais poderosa do que as armas".
O que é necessário para fazer uma BOA Educação? Precisamos de uma escola com carteiras, mesas, quadros-negros, paredes, tetos, ares-condicionados, laboratórios, etc? Essas coisas ajudam. Mas, uma escola precisa ter professores e estudantes.
Como professores, podemos estar insatisfeitos com nossos salários. Mas, nós aceitamos essa condição quando assinamos o contrato com o Governo. Então, resta a nós a perpetuação dessa situação??? NÃO!!!! Podemos manter a luta por melhores condições de salário e de trabalho sem que menosprezemos a nossa profissão. Entrar em uma sala de aula, seja como professor, seja como aluno, é a condição mínima para iniciar a mudança para melhor. Ao entrar desanimado em uma sala de aula, eu estou concordando com a minha situação. Porém, ao entrar animado, disposto a provocar mudanças em mim mesmo, eu estarei predisposto a provocar mudanças nos outros. Paralelamente, a luta por melhores condições de salário e de trabalho continua, mas fora da sala de aula.
Melhores estudantes hoje são cidadãos mais conscientes amanhã. Um povo mais consciente é um povo que busca mais formas de conhecimento, seja através de livros, seja através de discussões. Ao buscar mais formas de conhecimento, o povo se torna mais esclarecido. E um povo mais esclarecido irá exigir um sistema mais democrático, mais humano, onde todos tenham iguais condições de trabalho e de vida. Um sistema no qual o Sistema de Saúde e o Sistema de Educação funcionam para todos e não somente para os que podem pagar os hospitais Albert Einstein e São Luiz, além das escolas mais caras de São Paulo. E, um Sistema VERDADEIRAMENTE democrático levará a melhores sistemas de Saúde.
Como vemos, melhor Educação traz como consequência melhores condições de vida. E, depende de quem? Depende do governo? Não! Depende de nós, cidadãos, estudantes e profissionais da Educação.
Como eu ouvi outro dia: "antes de começar a mudar o mundo, comece a arrumar seu quarto". E: "queremos dar um mundo melhor para os nossos filhos, mas não pensamos em dar filhos melhores para o mundo".
Reflitamos para agir com mais consciência. O futuro agradece.
Segundo Sócrates, para que haja democracia, deve haver um povo esclarecido. Vamos aos fatos?
Estamos constantemente indignados com o sistema de Saúde no Brasil. As notícias que chegam até nós mostram hospitais e postos de saúde sem a menor condição de funcionamento. Porém, hospitais como o Hospital Albert Einstein e o Hospital São Luiz, ambos em São Paulo, não vivem essa situação. Seria simplesmente porque eles não são públicos? Ou é porque grande parte dos seus pacientes não necessitam pagar planos de saúde ou depender do SUS? Então, podemos concluir que o sistema de Saúde no Brasil FUNCIONA, sim. Mas, tal sistema não foi feito para nós. Esse sistema foi criado por e para as classes sociais mais abastadas que não necessitam pagar planos de saúde ou depender do SUS. Portanto, que motivo essas classes teriam para viabilizar o SUS e a fiscalização dos planos de saúde se eles não necessitam? Esse é um fato.
A sociedade brasileira está constantemente indignada com o sistema Educacional brasileiro. Vivemos reclamando que o governo não faz absolutamente nada para melhorar; que o governo despreza os pedidos de melhorias e que não fornece os recursos necessários para as escolas melhorarem. As classes abastadas matriculam seus filhos em escolas cujas mensalidades são maiores do que possamos imaginar. Há escolas em São Paulo, cujas mensalidades são em torno de R$ 5.000,00. Veja que esse valor é da MENSALIDADE. Os professores dessas escolas são altamente capacitados e recebem incentivos para a continuação de suas qualificações. Nessas escolas, os pais não estão preocupados se os filhos serão bem educados, mas se estarão bem capacitados para gerenciar suas empresas. Isso quando os filhos não estudam em escolas do exterior. Nessas escolas, não há a preocupação com carteiras quebradas ou com quadro-negros rachados. Portanto, o sistema educacional no Brasil FUNCIONA, sim. Mas, não é para nós. Pois bem, esse é mais um fato.
Podemos, então, dizer que estamos largados? Podemos dizer que o governo alimenta os hospitais, os postos de saúde e as escolas com o mínimo para não dizer que a Educação faliu? Mas, que sua principal meta é manter o Sistema de Saúde e o Sistema Educacional funcionando para as classes mais abastadas?
É certo que não podemos mudar o Sistema de Saúde da noite para o dia. Porém, podemos e temos a obrigação de mudar o Sistema de Educação. Como disse Voltaire: "a pena é mais poderosa do que a espada". Hoje, podemos dizer que "a caneta é mais poderosa do que as armas".
O que é necessário para fazer uma BOA Educação? Precisamos de uma escola com carteiras, mesas, quadros-negros, paredes, tetos, ares-condicionados, laboratórios, etc? Essas coisas ajudam. Mas, uma escola precisa ter professores e estudantes.
Como professores, podemos estar insatisfeitos com nossos salários. Mas, nós aceitamos essa condição quando assinamos o contrato com o Governo. Então, resta a nós a perpetuação dessa situação??? NÃO!!!! Podemos manter a luta por melhores condições de salário e de trabalho sem que menosprezemos a nossa profissão. Entrar em uma sala de aula, seja como professor, seja como aluno, é a condição mínima para iniciar a mudança para melhor. Ao entrar desanimado em uma sala de aula, eu estou concordando com a minha situação. Porém, ao entrar animado, disposto a provocar mudanças em mim mesmo, eu estarei predisposto a provocar mudanças nos outros. Paralelamente, a luta por melhores condições de salário e de trabalho continua, mas fora da sala de aula.
Melhores estudantes hoje são cidadãos mais conscientes amanhã. Um povo mais consciente é um povo que busca mais formas de conhecimento, seja através de livros, seja através de discussões. Ao buscar mais formas de conhecimento, o povo se torna mais esclarecido. E um povo mais esclarecido irá exigir um sistema mais democrático, mais humano, onde todos tenham iguais condições de trabalho e de vida. Um sistema no qual o Sistema de Saúde e o Sistema de Educação funcionam para todos e não somente para os que podem pagar os hospitais Albert Einstein e São Luiz, além das escolas mais caras de São Paulo. E, um Sistema VERDADEIRAMENTE democrático levará a melhores sistemas de Saúde.
Como vemos, melhor Educação traz como consequência melhores condições de vida. E, depende de quem? Depende do governo? Não! Depende de nós, cidadãos, estudantes e profissionais da Educação.
Como eu ouvi outro dia: "antes de começar a mudar o mundo, comece a arrumar seu quarto". E: "queremos dar um mundo melhor para os nossos filhos, mas não pensamos em dar filhos melhores para o mundo".
Reflitamos para agir com mais consciência. O futuro agradece.
domingo, 6 de fevereiro de 2011
E la nave vá
Não farei um comentário sobre o filme de Fellini. Certamente, seria mais prazeroso. Porém, assuntos mais sérios devem vir à tona.
Voltaire disse uma vez: "a pena é mais forte que a espada".
O único efeito que essa frase provoca, no Brasil, é de desprezo. Isso se não virar motivo de piada.
Já as frases populares "Deus é brasileiro" e "O Brasil é o país do futuro" provocam um efeito muito maior.
Há uma clara contradição. Enquanto Voltaire anuncia o poder da cultura e do conhecimento, as frases populares citadas produzem o comodismo. Ora, se Deus é brasileiro, eu não preciso me preocupar com nada. Se o futuro do Brasil já está garantido, então eu posso ficar tranquilo.
Nos anos de 1960, tínhamos orgulho da Educação pública. Estudar em uma escola pública era motivo de honra. Porém, poucos "escolhidos" tinham acesso à Educação.
Nos anos de 1970 e 1980, estudantes que não levavam à sério as oportunidades proporcionadas pela escola pública eram encaminhados para a escola particular, a qual era indigna dos melhores alunos.
Hoje, os pais não medem esforços para pagar as escolas particulares para os seus filhos. Isso se deve ao descaso com o Ensino Público.
O que ocorreu? O Ensino melhorou na Escola Particular, piorou na Escola Pública, ou ambos?
Mas, vamos aos fatos. Todos dizemos que o governo é o verdadeiro culpado pelo estado atual da Educação no Brasil. O governo tem responsabilidade, sim. Porém, a população também tem a sua responsabilidade. Vejamos:
A mudança na Educação não está somente relacionada ao governo, mas às nossas pequenas atitudes no dia-a-dia.
Como ouvi outro dia: "Queremos deixar um mundo melhor para as nossas crianças, mas não pensamos em deixar crianças melhores para o mundo".
"A pena é mais poderosa do que a espada", mas não basta saber como funciona a pena. É necessário saber o que fazer com a pena.
Enquanto estivermos preocupados com o governo e nos esquecermos de mudar nossas atitudes, o Brasil continuará o mesmo. Ou seja, "e la nave vá".
Voltaire disse uma vez: "a pena é mais forte que a espada".
O único efeito que essa frase provoca, no Brasil, é de desprezo. Isso se não virar motivo de piada.
Já as frases populares "Deus é brasileiro" e "O Brasil é o país do futuro" provocam um efeito muito maior.
Há uma clara contradição. Enquanto Voltaire anuncia o poder da cultura e do conhecimento, as frases populares citadas produzem o comodismo. Ora, se Deus é brasileiro, eu não preciso me preocupar com nada. Se o futuro do Brasil já está garantido, então eu posso ficar tranquilo.
Nos anos de 1960, tínhamos orgulho da Educação pública. Estudar em uma escola pública era motivo de honra. Porém, poucos "escolhidos" tinham acesso à Educação.
Nos anos de 1970 e 1980, estudantes que não levavam à sério as oportunidades proporcionadas pela escola pública eram encaminhados para a escola particular, a qual era indigna dos melhores alunos.
Hoje, os pais não medem esforços para pagar as escolas particulares para os seus filhos. Isso se deve ao descaso com o Ensino Público.
O que ocorreu? O Ensino melhorou na Escola Particular, piorou na Escola Pública, ou ambos?
Mas, vamos aos fatos. Todos dizemos que o governo é o verdadeiro culpado pelo estado atual da Educação no Brasil. O governo tem responsabilidade, sim. Porém, a população também tem a sua responsabilidade. Vejamos:
- Ao deixar os filhos na escola, muitos pais param o carro em fila dupla. Depois, cobram atitude do governo quanto ao trânsito. Que tipo de educação está transmitindo aos seus filhos?
- No supermercado, é muito comum uma pessoa ficar na fila do caixa enquanto outra faz as compras. Naturalmente, o que fez as compras chega com o carrinho e se acha no direito de assumir a posição da que guardou lugar, como se o lugar fosse cativo. O que esses pessoas ensinam aos seus filhos?
- No trânsito, simplesmente há o desprezo dos semáforos e das placas, sem dizer que poucos utilizam as setas e os motoqueiros fazem manobras dignas de Xtreme Games. O que as crianças aprendem?
A mudança na Educação não está somente relacionada ao governo, mas às nossas pequenas atitudes no dia-a-dia.
Como ouvi outro dia: "Queremos deixar um mundo melhor para as nossas crianças, mas não pensamos em deixar crianças melhores para o mundo".
"A pena é mais poderosa do que a espada", mas não basta saber como funciona a pena. É necessário saber o que fazer com a pena.
Enquanto estivermos preocupados com o governo e nos esquecermos de mudar nossas atitudes, o Brasil continuará o mesmo. Ou seja, "e la nave vá".
segunda-feira, 31 de janeiro de 2011
Educação de qualidade?
É com pesar que inicio esse blog. Explico: o estado atual da Educação é crítico. Como profissional da educação, fico muito preocupado com as tendências. Não há mais qualquer incentivo ao aprimoramento da cultura do saber. Os questionamentos foram substituídos pelo comodismo das respostas prontas. Estudantes universitários se orgulham por jamais terem lido um livro sequer. Há uma crença de que os telejornais sempre transmitem a notícia tal qual o fato ocorreu, sem distorções. Poucos são os que sabem quem foram Julio Verne, Isaac Asimov, Alexandre Dumas, entre outros. Muitos criticam Machado de Assis, mas jamais abriram uma de suas obras. Adotam escritores mais preocupados com o lucro do que com a cultura. Muitos compram livros por estarem entre os primeiros dentre os mais lidos, conforme publicado em revistas de interesses duvidosos. Jamais leram Clarice Lispector, Mário Quintana, João Ubaldo Ribeiro, Drummond, e se orgulham disso.
Internet é a sensação e deve ser, mesmo, pois pode ser uma ferramenta excelente. Só não pode ocorrer a troca de valores.
Bom! Vamos para a Educação. Métodos educacionais "modernos" e "miraculosos", verdadeiros modismos, sem qualquer compromisso com o saber, proliferam como vírus mortais. Tais métodos são impostos às escolas como se fossem resolver todos os problemas.
Enfim, não há mais um ensino-aprendizagem que realmente pode levar um cidadão ao conhecimento necessário para que ele desenvolva seu trabalho na área escolhida. Faculdades "lançam" ao mercado de trabalho profissionais sem qualquer condições de exercer sua profissão. Não são poucos os profissionais que buscaram uma faculdade e colaram grau sem tal condição profissional. Foram enganados, para não dizer roubados! Tiraram a chance de um cidadão buscar melhores condições profissionais e pessoais. Isso para não dizer no dinheiro investido para a sua formação específica, que deveria retornar para a sociedade na forma de profissionais qualificados. No entanto, a busca pelo lucro e pelos números escondem uma realidade cruel. Profissionais mal formados são escondidos nas tabelas que apresentam um crescente número de brasileiros com nível superior. Serão esses os "modernos analfabetos funcionais". Cidadãos com diploma de nível superior, mas com qualificação técnica baixa.
Um bom começo para melhorar a Educação talvez seja uma ampla discussão do verdadeiro papel do professor. Paralelo às discussões sobre as questões salariais (importantes, claro), pode haver discussões sobre como aproveitar melhor a relação aluno-professor-escola ou universidade. Será que temos consciência do verdadeiro papel de cada um no processo educativo? Será que o aluno sabe qual o seu papel? O professor tem consciência de sua abrangência, principalmente nos entornos da escola, e no incentivo que pode oferecer ao estudante? O professor universitário aplica, de fato, suas atribuições e suas competências em atividades junto à sociedade? Quais atividades os gestores podem propor para aprimorar a Educação?
O tempo está passando e há apenas reclamações, sem qualquer tomada de atitude. Quanto mais o tempo passa, mais difícil se tornará reverter a situação calamitosa em que se encontra a Educação no nosso país.
Internet é a sensação e deve ser, mesmo, pois pode ser uma ferramenta excelente. Só não pode ocorrer a troca de valores.
Bom! Vamos para a Educação. Métodos educacionais "modernos" e "miraculosos", verdadeiros modismos, sem qualquer compromisso com o saber, proliferam como vírus mortais. Tais métodos são impostos às escolas como se fossem resolver todos os problemas.
Enfim, não há mais um ensino-aprendizagem que realmente pode levar um cidadão ao conhecimento necessário para que ele desenvolva seu trabalho na área escolhida. Faculdades "lançam" ao mercado de trabalho profissionais sem qualquer condições de exercer sua profissão. Não são poucos os profissionais que buscaram uma faculdade e colaram grau sem tal condição profissional. Foram enganados, para não dizer roubados! Tiraram a chance de um cidadão buscar melhores condições profissionais e pessoais. Isso para não dizer no dinheiro investido para a sua formação específica, que deveria retornar para a sociedade na forma de profissionais qualificados. No entanto, a busca pelo lucro e pelos números escondem uma realidade cruel. Profissionais mal formados são escondidos nas tabelas que apresentam um crescente número de brasileiros com nível superior. Serão esses os "modernos analfabetos funcionais". Cidadãos com diploma de nível superior, mas com qualificação técnica baixa.
Um bom começo para melhorar a Educação talvez seja uma ampla discussão do verdadeiro papel do professor. Paralelo às discussões sobre as questões salariais (importantes, claro), pode haver discussões sobre como aproveitar melhor a relação aluno-professor-escola ou universidade. Será que temos consciência do verdadeiro papel de cada um no processo educativo? Será que o aluno sabe qual o seu papel? O professor tem consciência de sua abrangência, principalmente nos entornos da escola, e no incentivo que pode oferecer ao estudante? O professor universitário aplica, de fato, suas atribuições e suas competências em atividades junto à sociedade? Quais atividades os gestores podem propor para aprimorar a Educação?
O tempo está passando e há apenas reclamações, sem qualquer tomada de atitude. Quanto mais o tempo passa, mais difícil se tornará reverter a situação calamitosa em que se encontra a Educação no nosso país.
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